“Dosis sola facit venenum.” Paracelsus, 1538

terça-feira, 19 de julho de 2011

Frases célebres (1)

“O médico que só sabe de Medicina, nem de Medicina sabe.”
Abel de Lima Salazar, médico, professor universitário e artista plástico (Guimarães, 19 de Julho de 1889 – Lisboa, 29 de Dezembro de 1946)

segunda-feira, 11 de julho de 2011

A cerveja e o consumo abusivo de álcool

«A cerveja é um dos primeiros inventos da biotecnologia humana. Isto é, da capacidade em utilizar seres vivos para executar determinada tarefa com vista a um objectivo bem determinado. Os seres vivos em causa na cerveja ocidental são dois, um vegetal e um fungo: a cevada (Hordeum vulgare) e as leveduras do género Saccharomyces. Bem domesticados, a cevada há quase 10 mil anos por povos neolíticos do crescente fértil, a levedura há cerca de sete mil anos pelos povos semitas (elamitas, sumérios e babilónios), a conjugação dos dois seres vivos permitiu aos primeiros usuários da biotecnologia obter um suco de composição complexa, no qual parte da energia solar fixada em açúcar pela gramínea (através da fotossíntese) é transformada pela levedura em etanol, através de um processo designado por fermentação alcoólica.

Sobre a mesa de um bar “cristalizavam” 45 garrafas de cerveja a perfilar a evolução do cronómetro em direcção à festa da noite. Cerca de 15 litros de cerveja (contendo, na totalidade, quase um litro de álcool etílico puro) trasfegavam entre tremoços os sistemas cardiovasculares e renais de três folgazões.

Enquanto diluíam a espera, reviviam heróicas epopeias passadas noutras ilhas etílicas, viagens imóveis por todo o universo a desafiar as Leis da Física. Num apelo à matéria quântica mal entendida, atentavam passar de um estado sóbrio a um outro dito ébrio, sem esforço, sem qualquer barreira de activação por ultrapassar, simplesmente através de um efeito de túnel sem dimensões. Contrastando com a volatilidade etílica, a força da gravidade mantinha os folgazões sentados, precavendo-os de uma previsível queda deambulante pela conservação do Momento. Nunca a certeza fora tanta de que a menor distância entre dois pontos é, claro está, uma linha curva (no espaço euclidiano)!

De quando em quando, a fisiologia das interacções biomoleculares, choques nanométricos entre moléculas feitas de átomos de hidrogénio, carbono, oxigénio, nitrogénio, enxofre, fósforo e alguns metais, obrigava a expulsar algum do líquido ingerido, feito urina. Mas o álcool etílico, ou etanol, molécula feita de dois carbonos, seis hidrogénios e um átomo de oxigénio, resiste em abandonar o corpo, rouba o lugar à água e permanece a agitar as membranas celulares, a alterar a viscosidade dos líquidos corporais, como o do ouvido interno que é garante da percepção de verticalidade (a ressaca fará disso eco em tontura, despojo de um ambiente bioquímico agudamente modificado). Intrometido entre a funcionalidade membranar, o etanol, qual pedra na engrenagem, altera relações cooperativas entre fosfolípidos e inúmeras proteínas funcionais a nível da membrana celular. Há assim mensagens que não passam, impulsos nervosos que se não sucedem. Com limiares alterados, as integrações neuronais resultam em soluções sem sentido, crescentemente incompatíveis com a harmonia dos gestos e das palavras. Surgem combinações novas num fogo de sinapses fátuas, genialidades insuspeitas numa consciência etílica sem memória.

Parafraseando Lavoisier (que, ao que consta, terá bebido cerveja), pai da química moderna, “nada se perde, nada se cria, tudo se transforma”, e no entretanto, muita história fica.»

António Piedade, Bioquímico, no Diário de Coimbra [texto (ligeiramente) adaptado]

O consumo continuado de quantidades apreciáveis de etanol (o álcool das bebidas) é tóxico para o organismo aumentando o risco de aparecimento de várias doenças. Mesmo ingerido esporadicamente em quantidades moderadas, o álcool afecta a nossa rapidez de reflexos e o equilíbrio, e causa sonolência. As bebidas alcoólicas devem, portanto, ser ingeridas de forma responsável, em pequenas quantidades.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

“Tenho uma grande constipação”

"Tenho uma grande constipação,
E toda a gente sabe como as grandes constipações
Alteram todo o sistema do universo,
Zangam-nos contra a vida,
E fazem espirrar até à metafísica.
Tenho o dia perdido cheio de me assoar.
Dói-me a cabeça indistintamente.
Triste condição para um poeta menor!
Hoje sou verdadeiramente um poeta menor.
O que fui outrora foi um desejo; partiu-se.

Adeus para sempre, rainha das fadas!
As tuas asas eram de sol, e eu cá vou andando.
Não estarei bem se não me deitar na cama.
Nunca estive bem senão deitando-me no universo.

Excusez un peu... Que grande constipação física!
Preciso de verdade e de aspirina."

Poesias de Álvaro de Campos [heterónimo de Fernando Pessoa], 14 de Março de 1931

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Concurso para a criação do logótipo do gabinete (2)

Como era do conhecimento da comunidade educativa (da nossa escola) o Gabinete de Apoio ao Aluno (GAA) promoveu um concurso para a criação de um logótipo. Apresentaram-se a concurso dois trabalhos que, na opinião do júri, não respeitavam integralmente a condição imposta pelo ponto cinco do Regulamento do concurso de incluírem “obrigatoriamente elementos que remetam para a Educação para a Saúde”. No entanto, o júri decidiu, por unanimidade, não os excluir. Os trabalhos concorrentes foram:
Este, da autoria do André Teixeira, da Turma 3.º L;


E este, declarado vencedor por decisão maioritária do júri, da autoria de Rute Martins, também da turma 3.º L.


Obrigado aos participantes.
O trabalho vencedor, tal como constava do Regulamento do concurso, passa a ser usado como símbolo identificativo do GAA.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

E. coli e outras bactérias causadoras de intoxicações alimentares

O elevado número de notícias difundidas pela comunicação social portuguesa sobre a contaminação de alimentos pela bactéria Escherichia coli (adiante designada abreviadamente por E.coli) ocorrida na Alemanha deixou muita gente alarmada. Os jornalistas (salvo raras excepções) ávidos de notícias sensacionalistas, neste como em muitos outros casos, propagam informações umas vezes exageradas outras parcial ou totalmente incorrectas, provenientes de fontes duvidosas, amiúde citando alegados “especialistas” que pouco ou nada percebem do assunto em causa. Este tipo de atitude recolhe habitualmente a conivência das autoridades (tanto nacionais como internacionais) e aproveita-se da iliteracia científica da generalidade da população e da tendência que todos temos para, em situações de possível risco, inibirmos o espírito crítico e agirmos precipitadamente, que é precisamente o que pretendem os interesses económicos e/ou políticos que sustentam a confusão/desinformação.

Neste caso concreto da contaminação de alimentos pela bactéria E.coli, a comunicação social exagerou porque tentou (uma vez mais) transformar em algo de verdadeiramente excepcional um surto idêntico a outros. A título de exemplo, na União Europeia, em 2006 foram comunicados oficialmente 5 710 surtos de contaminação alimentar por E.coli, que envolveram 53 568 pessoas, mais de meia centena das quais viria a falecer. Em 2008 um surto da dita bactéria encontrada em carne picada provocou intoxicações alimentares a 3 159 cidadãos europeus. Em Portugal (apesar de não haver dados exactos) e nos países do Sul da Europa estes surtos parecem ser pouco frequentes e afectarem um pequeno número de pessoas, mas nos países mais ao Norte, devido ao facto do processamento, empacotamento e distribuição de alimentos se realizar em grande escala, qualquer contaminação acaba por afectar grandes quantidades de alimentos, distribuídos por supermercados, escolas, restaurantes, etc., intoxicando assim um grande número de pessoas. Por exemplo, nos Estados Unidos, os CDC (Centers for Disease Control and Prevention), organismos com funções idênticas à nossa Direcção-Geral de Saúde, estimam que, só pela E.coli, sejam contaminados anualmente cerca de 25 mil norte-americanos, dos quais 0,4% (uma centena) acabam por falecer. Nos países asiáticos e africanos, onde os cuidados de higiene (sobretudo da população mais pobre) são menores estima-se um número muito mais elevado de contaminados e devido aos fracos cuidados médicos suspeita-se de um elevado número de vítimas mortais.

As autoridades alemãs também não agiram da forma mais correcta pois em vez de explicarem à população o que se deve fazer para reduzir a probabilidade de uma intoxicação alimentar por bactérias, optaram por aconselhar a não ingestão de determinados alimentos (primeiro pepinos, depois alfaces e tomates, mais tarde rebentos de vegetais) sem terem a mínima ideia de qual ou quais destes alimentos estavam na origem da contaminação, sendo que, qualquer um deles (e muitos outros) poderia ter causado o surto.

Depois desta longa introdução em jeito de comentário, passemos então a tentar esclarecer o que se pode fazer para reduzir a probabilidade de sermos vítimas de uma intoxicação alimentar, por bactérias.

Em termos de preocupação com a segurança dos alimentos, a contaminação bacteriana, problema que afecta a água (de alguns poços, ribeiros e lagoas), a carne, o peixe, os lacticínios, os ovos, os frutos, os vegetais e outros alimentos que se comem crus (como nalgumas culturas (o marisco ou os rebentos de leguminosas) é a ameaça que eclipsa todas as outras. São três as bactérias responsáveis pela maioria das gastroenterites (vulgo intoxicações alimentares) bacterianas:

E. coli. – A bactéria vive nos intestinos de inúmeros animais de sangue quente, incluindo o Homem. As principais causas de contaminação dos alimentos por esta bactéria são: manusear alimentos depois de ter ido à casa de banho e não ter lavado convenientemente as mãos com água corrente e sabão (gel ou detergente); comer carne (ou peixe) crua cuja manipulação foi incorrecta tendo o conteúdo dos intestinos do animal entrado em contacto com a carne; não lavar devidamente os vegetais (ou os frutos que podem ter sido colhidos do chão) antes de os cortar para a salada (ou descascar e comer), podendo estes ter estado em contacto directo com o estrume que aduba os campos ou em contacto com caixotes contaminados usados no transporte dos alimentos. A intoxicação por E. coli é a causa mais comum de insuficiência renal súbita nas crianças e em caso de grande contaminação pode mesmo causar lesões renais em adultos. Anualmente milhões de quilos de alimentos (principalmente carne de aves, picada) são recolhidos pelas autoridades sanitárias europeias, devido à contaminação por E. coli. Os danos causados ao organismo humano devem-se a uma toxina chamada shiga, frequentemente encontrada em alguns subtipos da bactéria.

Salmonella - Esta bactéria é encontrada principalmente nos ovos (mas também na carne, no peixe e nos mariscos). Pode disseminar-se para outros alimentos, sobretudo lacticínios e frutas que contactem (por exemplo, aquando do transporte) com carne ou ovos contaminados. Um estudo publicado em 2001, no The New England Journal of Medicine, revelou até que ponto a prevalência desta bactéria é alarmante: em Inglaterra foram analisadas 200 amostras de carne picada de frango, vaca, peru e porco, 40 dessas amostras continham Salmonella.

Campylobacter - Geralmente chega ao nosso organismo através da ingestão de carne de aves. Esta bactéria é a causa mais comum de gastroenterite bacteriana nos países desenvolvidos, tendo em 2008 sido notificados quase 200 mil casos na União Europeia e quase dois milhões e meio nos Estados Unidos.

Várias outras bactérias podem provocar intoxicações alimentares mas, no seu conjunto, representam apenas uma em cada mil intoxicações.

Os principais sintomas das intoxicações alimentares são: dores abdominais, febre, vómitos, manchas na pele, diarreia e sensação de cansaço.

O que devemos fazer para evitar as contaminações?

Em primeiro lugar, como já referi acima, é imprescindível que se lavem bem as mãos (com água corrente e sabão) sempre que vamos à casa de banho. Igualmente essencial é nunca beber água que não tenhamos a certeza que é potável. É também importante lavarmos frequentemente as mãos ao longo do dia, principalmente antes e durante a preparação dos alimentos (a cada alimento diferente, a manipular, devemos lavar bem as mãos (com sabão se o alimento for gorduroso)). Não devemos limpar as mãos a um pano ou toalha se as não tivermos acabado de lavar, pois as bactérias aí depositadas encontram um bom meio para se multiplicarem.

Especificamente no que diz directamente respeito aos alimentos, devemos: Evitar adquirir carne (principalmente de aves) previamente picada, a maioria dos talhos e supermercados picam (a nosso pedido) a carne na hora; Cozinhar bem o peixe e a superfície exterior da carne que já esteve duas (ou mais) horas exposta à temperatura ambiente (principalmente no Verão); Lavar bem, com água corrente, os alimentos que comemos crus (mesmo os frutos que descascamos) e todos os que caírem ao chão durante a manipulação certificando-se que toda a sua superfície é esfregada com a mão (não é preciso força para remover as bactérias que, sendo microorganismos, são facilmente destruídos pelo atrito da mão com o alimento e arrastados (tal como as suas toxinas) pela água); Retirar sempre os intestinos do peixe (e da carne, se for o caso), e lavá-lo em água corrente antes de o cozinhar; Ter em conta que as superfícies onde colocamos os alimentos sujos também precisam de ser lavadas antes de colocarmos sobre elas alimentos limpos (o mesmo se aplica aos utensílios de cozinha).

As sobras dos alimentos devem ser guardadas o mais rapidamente possível no frigorífico ou no congelador (conforme os casos). Devemos manter o frigorífico a temperatura inferior a 5 ˚C e o congelador a temperatura igual ou inferior a -18 ˚C. Convém dividir os alimentos em pequenas porções para arrefecerem mais rapidamente. Tenhamos em atenção que o frio não destrói as bactérias apenas as impede de se reproduzirem. As bactérias morrem se forem expostas a temperaturas superiores a 70 ˚C ou a radiação ultravioleta (ou mais energética).

Referências: Harvard Medical School; Merck Sharp & Dohme; Centers for Disease Control and Prevention.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Embaixadores da Saúde (5)

Realizou-se ontem, pelas 14:30, na Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Assunção (conhecida por Igreja Nova de Almada) o Primeiro Encontro de Embaixadores da Saúde (do concelho de Almada). A reunião, que contou com a presença do Director do Centro de Saúde, de um representante da União Concelhia das Associações de Pais, e de uma representante da Câmara Municipal, juntou grupos de alunos em representação da maioria das escolas do concelho.

O encontro, apresentado pela Dr.ª Anabela Falcão (que lidera a Equipa de Saúde Escolar) serviu para que cada escola mostrasse projectos desenvolvidos pelos seus alunos, no âmbito da Educação para a Saúde. A Escola Secundária de Cacilhas-Tejo não podia deixar de estar presente no evento, apresentando uma pequena mas entusiasta representação liderada pela Senhora Subdirectora, professora Maria de Lurdes Gomes.

Das muitas escolas que quiseram e puderam estar presentes destacaram-se, principalmente as escolas básicas do 1º ciclo, com os seus pequenos representantes a mostrarem trabalhos muito interessantes e a contagiarem todos com a sua alegria e simpatia. O tema mais abordado foi o da alimentação. Outros trabalhos a merecer destaque referiam os cuidados básicos de higiene e a violência na escola. A alimentação foi também um dos temas que a nossa escola apresentou, logo a abrir a mostra, o outro, bem a propósito do Verão que se aproxima (e tanto desejamos) destacava os cuidados a ter com a exposição ao sol.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

O uso intensivo de telemóveis provoca cancro no cérebro?

Dada a (previsível) extensão do texto opto por satisfazer, desde já, a curiosidade dos leitores. A resposta à questão colocada no título é, não!
Um estudo levado a cabo nos Estados Unidos, em 2001 (publicado no New England Journal of Medicine) comparou 782 doentes com cancro cerebral, internados em hospitais dos EUA, com 799 doentes, também internados em hospitais norte-americanos, mas com outras doenças. Concluiu que não havia qualquer relação entre a utilização de telemóveis, durante pelo menos uma hora por dia, e o cancro cerebral. Em 2006 foi publicado (no Journal of the National Cancer Institute) um estudo dinamarquês que seguiu durante 13 anos, um grupo de mais de 420 mil pessoas que usavam telemóveis. Este estudo concluiu que não existe qualquer relação entre o uso de telemóveis e o cancro cerebral, quer em doentes com utilizações intensivas quer ocasionais.
Estes estudos, levados a cabo por especialistas em medicina são, do ponto de vista das ciências mais exactas (a Física e a Química) perfeitamente desnecessários. Conhecimentos adquiridos por alunos do 10.º e 11.º na disciplina de Física e Química A, permitem-lhes saber que as ondas electromagnéticas (vulgo radiação) emitidas pelos telemóveis não conseguem penetrar os ossos do crânio, sendo-lhes portanto impossível causar qualquer espécie de dano a qualquer célula contida no seu interior. Expliquemos (ou relembremos) um pouco mais em pormenor.

A frequência das ondas electromagnéticas emitidas pelos telemóveis varia, conforme as redes, entre os 0,85 GHz (oitocentos e cinquenta milhões de pulsos por segundo) e os 2,1 GHz (dois mil e cem milhões de pulsos por segundo). No espectro electromagnético, estas radiações situam-se entre as ondas de rádio (frequências inferiores a 1 GHz) e as microondas (frequências maiores que 1 GHz e menores que 300 GHz). Quando uma qualquer radiação encontra matéria no seu caminho de propagação, três coisas lhe acontecem, no entanto, conforme a frequência da radiação e a matéria que se opõe, normalmente apenas uma delas tem relevância mensurável: ser reflectida (a radiação embate nas partículas da matéria e não consegue penetrá-la, é o que acontece à luz visível quando se depara com uma parede de betão); transmitir-se (a radiação atravessa a matéria e segue o seu caminho, com um certo desvio na sua direcção, é o que acontece à luz visível quando atravessa um vidro transparente); ser absorvida (a radiação consegue penetrar parcialmente na matéria mas não a atravessa completamente pois é absorvida, é o que acontece à luz visível quando tenta penetrar nas profundezas do oceano, a água vai-a absorvendo aos poucos e se quando mergulhamos junto à superfície vemos o que nos rodeia, alguns metros mais abaixo deparamo-nos com a escuridão total).
As radiações de maior frequência, por serem constituídas por fotões mais energéticos e com menor comprimento de onda têm maior poder penetrante (é exemplo (extremo) disto a radiação gama). As de menor frequência, devido à pouca energia dos seus fotões e ao grande comprimento de onda que apresentam, reflectem-se quase na totalidade (são exemplo disto as ondas de rádio). A frequência das radiações usadas nos telemóveis, nas emissões de rádio e de televisão, ou nas comunicações por GPS, é relativamente baixa (consequentemente, estas radiações possuem um comprimento de onda relativamente grande) apresentando, portanto, muito fraco poder de penetração.
Quando uma radiação é absorvida pela matéria provoca nela um de três efeitos: aquecimento (também conhecido por efeito térmico - a energia absorvida provoca um aumento das vibrações das moléculas das substâncias); ionização (a energia absorvida remove um ou mais electrões de alguns átomos); reacção química (a energia absorvida quebra uma ou mais ligações entre os átomos, nas moléculas. Ora, a frequência mínima que uma radiação deve possuir para provocar a quebra da mais fraca das ligações químicas (intramoleculares) é de 387 GHz. A frequência mínima que uma radiação deve apresentar para arrancar um electrão (o que carece de menor energia) é de 942 GHz. Portanto, radiações com a frequência das usadas em comunicações (relembro que os telemóveis emitem radiação cuja frequência não ultrapassa 2,1 GHz) só podem causar efeito térmico. O funcionamento dos fornos de microondas é baseado neste efeito. Claro que se colocarmos um pedaço de carne dentro de um forno de microondas este vai aquecendo e atingindo uma temperatura de tal forma elevada que ocorrem reacções químicas nela (as reacções químicas também ocorrem por acção do calor) mas, um forno de microondas tem uma potência (normalmente) não inferior a 800 Watt, enquanto a potência de um telemóvel (usada para comunicar) é inferior a 2 Watt (nos de segunda geração e de cerca de 1 Watt nos 3G). É fácil verificarmos que, mesmo após uma conversa de vários minutos, a pele da orelha onde encostámos o telemóvel não sofreu um aquecimento significativo (uma investigação laboratorial refere um aumento inferior a 0,1 ºC, na temperatura exterior da pele após 15 minutos de conversação).
Em jeito de conclusão rápida sublinho que a radiação emitida pelos telemóveis ou pelos receptores de GPS não só não provoca cancro cerebral (para atravessar os ossos do crânio são necessárias radiações X, de muito alta frequência ou radiações gama) como não provoca sequer qualquer dano à pele, pois não dispõe de energia suficiente para provocar qualquer reacção química, menos ainda qualquer efeito ionizante. Acrescento, a propósito, que os alimentos cozinhados ou aquecidos em fornos de microondas, que usam radiação com a frequência de 2,45 GHz (pelas mesmas razões) não representam qualquer risco para a saúde.
Referências: Os estudos que menciono (no 2.º e 3.º parágrafo do texto) são citados no n.º 2 de “O Quebra Mitos”, boletim de notícias da ARSLVT, da autoria do Professor Doutor António Vaz Carneiro e num Artigo da Harvard Medical School.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Obesidade

Cada vez mais nos meios de Comunicação Social se fala neste tema que afecta todas as gerações e estratos sociais. Assim neste post será abordada esta temática tentando explicar diferentes aspectos da mesma.
De acordo com a OMS, a obesidade é uma doença em que o excesso de gordura corporal acumulada pode atingir graus capazes de afectar a saúde. a Organização Mundial de Saúde (OMS) considerou esta doença como a epidemia global do século XXI.
É uma doença crónica, com enorme prevalência nos países desenvolvidos, atinge homens e mulheres de todas as etnias e de todas as idades, reduz a qualidade de vida e tem elevadas taxas de morbilidade e mortalidade.
A obesidade acarreta múltiplas consequências graves para a saúde.
Quais são os tipos de obesidade?
· Obesidade andróide, abdominal ou visceral - quando o tecido adiposo se acumula na metade superior do corpo, sobretudo no abdómen. É típica do homem obeso. · Obesidade do tipo ginóide - quando a gordura se distribui, principalmente, na metade inferior do corpo, particularmente na região glútea e coxas. É típica da mulher obesa.
Como se determina ou diagnostica a obesidade e a pré-obesidade?
A obesidade e a pré-obesidade são avaliadas pelo Índice de Massa Corporal (IMC). Este índice mede a corpulência, que se determina dividindo o peso (quilogramas) pela altura (metros), elevada ao quadrado.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, considera-se que há excesso de peso quando o IMC é igual ou superior a 25 e que há obesidade quando o IMC é igual ou superior a 30. O diagnóstico de excesso de peso e de obesidade em função do IMC em crianças e adolescentes não é aplicável com as regras do adulto, devido às características dinâmicas dos processos de crescimento e de maturação que ocorrem durante a idade pediátrica.
O que causa a obesidade?
O excesso de gordura resulta de sucessivos balanços energéticos positivos, em que a quantidade de energia ingerida é superior à quantidade de energia dispendida. Os factores que determinam este desequilíbrio são complexos e podem ter origem genética, metabólica, ambiental e comportamental.
Factores de risco
- Vida sedentária;
- Zona de residência urbana;
- Grau de informação dos pais;
- Factores genéticos;
- Gravidez e menopausa.

Que sistemas do nosso organismo são afectados?

- Aparelho cardiovascular;

- Sistema metabólico;

- Sistema pulmonar;

- Aparelho gastrintestinal;

- Aparelho genito-urinário e reprodutor.

http://www.min-saude.pt/portal/

terça-feira, 24 de maio de 2011

Qual é a quantidade de água que devemos beber diariamente?

A resposta a esta pergunta pode parecer complexa, na verdade não o é. Mais de 60% da nossa massa corporal é água, tendo esta uma enorme importância para nós, aliás, tal como acontece com os demais seres vivos. Um estudo dos anos 30 (do século passado, obviamente) sugeria que o ser humano deve ingerir um mililitro de água por cada quilocaloria de energia contida nos alimentos que consome. Acontece que, o número de quilocalorias ingeridos diariamente varia muito de pessoa para pessoa e para a mesma, varia de dia para dia, além disso, o nosso organismo perde água (por ordem decrescente de quantidade) na urina, na respiração, na transpiração e nas fezes. A quantidade de cada uma destas perdas é também muito variável, consoante os alimentos ingeridos, o tipo e intensidade das nossas actividades, a temperatura e humidade do ar em nosso redor, etc.

Numa consulta rápida na Internet em busca de resposta para esta pergunta, conforme os sítios (e eliminando as respostas mais excêntricas), obtemos respostas que vão desde a necessidade de ingerimos cerca de 1,5 litros de água por dia até aos 3 litros. Algumas páginas recomendam-nos que tenhamos em conta a totalidade de água contida nos alimentos, mas esta não se apresenta uma tarefa fácil, pois a quantidade de água presente nos alimentos é muito variável, quando comparada com a massa destes; desde quase zero, numa margarina ou óleo vegetal até aos mais de 96% no pepino, 95% na alface, 94% no tomate e no agrião, passando pelos 87% nos citrinos e nos pêssegos, pelos cerca de 50% na carne de vaca, ou pelos 12% nas farinhas ou no arroz (crú).

Parece que a obtenção da resposta correcta à questão colocada no título nos vai envolver em cálculos complexos, afectados por significativa incerteza, no entanto, como escrevi logo na primeira linha deste texto, a resposta não é complexa. Quer na Internet, quer através de familiares e amigos, que por vezes citam os seus médicos, é habitual ouvirmos dizer que devemos ingerir, além da água contida nos alimentos, pelo menos mais dois litros diários, mas a resposta correcta à questão não é assim tão exacta. A ideia de que precisamos de beber pelo menos dois litros de água por dia é apenas mais um dos muitos mitos que circulam.

A água é uma das substâncias que são estritamente reguladas pelo nosso organismo e o seu metabolismo é simples, o organismo só aproveita aquela de que necessitamos. A quantidade de água no organismo é regulada por hormonas que garantem a manutenção de uma determinada densidade do sangue normal. Quando desidratamos esta densidade aumenta e o organismo perde temporariamente menos água, somos então, “de imediato”, acometidos pela sensação de sede, sendo este um alerta para a necessidade de ingerirmos líquidos nos minutos seguintes. Quando estamos bem hidratados não temos sede, o que significa que o organismo não necessita que ingeramos mais líquidos. Se o fizermos, urinamos mais, pois são os rins que controlam a quantidade de água que deve existir no organismo, através do aumento ou diminuição do volume de urina, e se estiverem a funcionar normalmente dispensam qualquer ajuda externa.

Forçar a ingestão de líquidos quando deles não necessitamos é, no mínimo, inútil e em certos casos perigoso, pois a partir de certo volume de água ingerida, os rins podem ter dificuldades em eliminar a supérflua, diminuindo a osmolalidade (número de moles de soluto por quilograma de solvente transferido por osmose) do sangue, ou mais correctamente, do plasma, o que pode ter consequências bastante graves (convém não esquecer que, tal como já escrevi aqui, o veneno não está na substância mas sim na dose e, mesmo substâncias aparentemente inócuas, como a água, quando ingeridas em quantidade excessivas são prejudiciais à saúde), devido à diminuição da concentração de certos sais.

Que quantidade de água se deve beber, então? A resposta é muito simples: devemos beber toda a água (ou outra bebida sem álcool) que nos apetecer, sempre que tivermos sede, até que esse “problema” esteja resolvido, nem mais, nem menos.

Referência: Artigo da Harvard Medical School.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Um belo tom bronzeado

O Verão está a chegar, mas como já está calor nada melhor que adquirir um tom bronzeado que dá estilo. Nada melhor que chegar às aulas na segunda-feira e mostrar o bronze adquirido no fim-de-semana. E que trabalheira isso provoca! Estar todo o dia na praia principalmente às horas de maior calor e talvez apanhar grandes escaldões na pele. A pele é o nosso maior órgão porque cobre todo o nosso corpo e tem memória, ou seja qualquer lesão que ela sofra vai ficar registado e pode vir a ter consequências mais tarde nomeadamente cancro da pele. O corpo humano possui dois mecanismos naturais e eficazes contra as agressões solares, mas precisa de tempo para os pôr a funcionar em pleno. Por um lado, o organismo reage produzindo melanina, um pigmento que funciona como um “chapéu” que protege o núcleo das células e tem a capacidade de absorver as radiações ultravioletas emitidas pelo sol. É da acção da melanina que resulta a cor bronzeada. Para além disso, o contacto gradual com a luz solar produz um espessamento da pele, tornando-a mais resistente. No entanto, devemos proteger a nossa pele dos malefícios do sol e uma das formas de o fazer é através da utilização dos protectores solares. Os protectores são produtos que apresentam um Factor de Protecção Solar (SPF, na sigla inglesa) associado. O SPF é classificado numa escala que vai de “6” a “50”. Estes valores traduzem a capacidade do produto em proteger dos raios UVB. Relativamente aos UVA, é indicado na embalagem se confere ou não protecção. Existem dois tipos principais de protector solar, em função do modo como exercem essa protecção: - Químicos – Absorvem e convertem a radiação em calor, são cosmeticamente mais agradáveis mas podem desencadear reacções alérgicas em indivíduos susceptíveis. - Físicos ou minerais – Reflectem a radiação, não sendo absorvidos pela pele; são cosmeticamente menos agradáveis mas não geram sensibilidade cutânea. Especialmente indicados em crianças e peles intolerantes. Na escolha do protector a usar devem ser tidos em conta os seguintes aspectos: a idade do utilizador, o tipo de pele, o índice ultravioleta, a resistência à água e a protecção contra os UVB e os UVA. Conhecer o tipo de pele (fototipo) e a reacção à radiação solar é fundamental para encontrar o SPF adequado. São seis os fototipos existentes: I – Cabelos ruivos, sardas, olhos verdes ou azuis – pele muito sensível, queima-se facilmente e raramente se bronzeia; II – Tez, cabelos e olhos claros – pele sensível, queima-se com facilidade e bronzeia-se minimamente; III – Cabelo e olhos castanhos – pele com alguma sensibilidade, queima-se por vezes e adquire um bronzeado discreto; IV – Tez morena, cabelos e olhos escuros – bronzeia-se com facilidade e raramente se queima; V – Pele, cabelos e olhos muito escuros – insensível ao sol, bronzeia-se facilmente e raramente se queima; VI – Pele, cabelos e olhos negros – insensível ao sol, é muito pigmentada e nunca se queima.
Estando protegidos e atendendo às horas a que estamos expostos, podemos usufruir da praia! Provavelmente não estaremos tão bronzeados mas para além do perigo já referido não teremos uma pele envelhecida precocemente.