Dada a (previsível) extensão do texto opto por satisfazer, desde já, a curiosidade dos leitores. A resposta à questão colocada no título é, não!
Um estudo levado a cabo nos Estados Unidos, em 2001 (publicado no New England Journal of Medicine) comparou 782 doentes com cancro cerebral, internados em hospitais dos EUA, com 799 doentes, também internados em hospitais norte-americanos, mas com outras doenças. Concluiu que não havia qualquer relação entre a utilização de telemóveis, durante pelo menos uma hora por dia, e o cancro cerebral. Em 2006 foi publicado (no Journal of the National Cancer Institute) um estudo dinamarquês que seguiu durante 13 anos, um grupo de mais de 420 mil pessoas que usavam telemóveis. Este estudo concluiu que não existe qualquer relação entre o uso de telemóveis e o cancro cerebral, quer em doentes com utilizações intensivas quer ocasionais.
Estes estudos, levados a cabo por especialistas em medicina são, do ponto de vista das ciências mais exactas (a Física e a Química) perfeitamente desnecessários. Conhecimentos adquiridos por alunos do 10.º e 11.º na disciplina de Física e Química A, permitem-lhes saber que as ondas electromagnéticas (vulgo radiação) emitidas pelos telemóveis não conseguem penetrar os ossos do crânio, sendo-lhes portanto impossível causar qualquer espécie de dano a qualquer célula contida no seu interior. Expliquemos (ou relembremos) um pouco mais em pormenor.
Um estudo levado a cabo nos Estados Unidos, em 2001 (publicado no New England Journal of Medicine) comparou 782 doentes com cancro cerebral, internados em hospitais dos EUA, com 799 doentes, também internados em hospitais norte-americanos, mas com outras doenças. Concluiu que não havia qualquer relação entre a utilização de telemóveis, durante pelo menos uma hora por dia, e o cancro cerebral. Em 2006 foi publicado (no Journal of the National Cancer Institute) um estudo dinamarquês que seguiu durante 13 anos, um grupo de mais de 420 mil pessoas que usavam telemóveis. Este estudo concluiu que não existe qualquer relação entre o uso de telemóveis e o cancro cerebral, quer em doentes com utilizações intensivas quer ocasionais.
Estes estudos, levados a cabo por especialistas em medicina são, do ponto de vista das ciências mais exactas (a Física e a Química) perfeitamente desnecessários. Conhecimentos adquiridos por alunos do 10.º e 11.º na disciplina de Física e Química A, permitem-lhes saber que as ondas electromagnéticas (vulgo radiação) emitidas pelos telemóveis não conseguem penetrar os ossos do crânio, sendo-lhes portanto impossível causar qualquer espécie de dano a qualquer célula contida no seu interior. Expliquemos (ou relembremos) um pouco mais em pormenor.
A frequência das ondas electromagnéticas emitidas pelos telemóveis varia, conforme as redes, entre os 0,85 GHz (oitocentos e cinquenta milhões de pulsos por segundo) e os 2,1 GHz (dois mil e cem milhões de pulsos por segundo). No espectro electromagnético, estas radiações situam-se entre as ondas de rádio (frequências inferiores a 1 GHz) e as microondas (frequências maiores que 1 GHz e menores que 300 GHz). Quando uma qualquer radiação encontra matéria no seu caminho de propagação, três coisas lhe acontecem, no entanto, conforme a frequência da radiação e a matéria que se opõe, normalmente apenas uma delas tem relevância mensurável: ser reflectida (a radiação embate nas partículas da matéria e não consegue penetrá-la, é o que acontece à luz visível quando se depara com uma parede de betão); transmitir-se (a radiação atravessa a matéria e segue o seu caminho, com um certo desvio na sua direcção, é o que acontece à luz visível quando atravessa um vidro transparente); ser absorvida (a radiação consegue penetrar parcialmente na matéria mas não a atravessa completamente pois é absorvida, é o que acontece à luz visível quando tenta penetrar nas profundezas do oceano, a água vai-a absorvendo aos poucos e se quando mergulhamos junto à superfície vemos o que nos rodeia, alguns metros mais abaixo deparamo-nos com a escuridão total).
As radiações de maior frequência, por serem constituídas por fotões mais energéticos e com menor comprimento de onda têm maior poder penetrante (é exemplo (extremo) disto a radiação gama). As de menor frequência, devido à pouca energia dos seus fotões e ao grande comprimento de onda que apresentam, reflectem-se quase na totalidade (são exemplo disto as ondas de rádio). A frequência das radiações usadas nos telemóveis, nas emissões de rádio e de televisão, ou nas comunicações por GPS, é relativamente baixa (consequentemente, estas radiações possuem um comprimento de onda relativamente grande) apresentando, portanto, muito fraco poder de penetração.
Quando uma radiação é absorvida pela matéria provoca nela um de três efeitos: aquecimento (também conhecido por efeito térmico - a energia absorvida provoca um aumento das vibrações das moléculas das substâncias); ionização (a energia absorvida remove um ou mais electrões de alguns átomos); reacção química (a energia absorvida quebra uma ou mais ligações entre os átomos, nas moléculas. Ora, a frequência mínima que uma radiação deve possuir para provocar a quebra da mais fraca das ligações químicas (intramoleculares) é de 387 GHz. A frequência mínima que uma radiação deve apresentar para arrancar um electrão (o que carece de menor energia) é de 942 GHz. Portanto, radiações com a frequência das usadas em comunicações (relembro que os telemóveis emitem radiação cuja frequência não ultrapassa 2,1 GHz) só podem causar efeito térmico. O funcionamento dos fornos de microondas é baseado neste efeito. Claro que se colocarmos um pedaço de carne dentro de um forno de microondas este vai aquecendo e atingindo uma temperatura de tal forma elevada que ocorrem reacções químicas nela (as reacções químicas também ocorrem por acção do calor) mas, um forno de microondas tem uma potência (normalmente) não inferior a 800 Watt, enquanto a potência de um telemóvel (usada para comunicar) é inferior a 2 Watt (nos de segunda geração e de cerca de 1 Watt nos 3G). É fácil verificarmos que, mesmo após uma conversa de vários minutos, a pele da orelha onde encostámos o telemóvel não sofreu um aquecimento significativo (uma investigação laboratorial refere um aumento inferior a 0,1 ºC, na temperatura exterior da pele após 15 minutos de conversação).
Em jeito de conclusão rápida sublinho que a radiação emitida pelos telemóveis ou pelos receptores de GPS não só não provoca cancro cerebral (para atravessar os ossos do crânio são necessárias radiações X, de muito alta frequência ou radiações gama) como não provoca sequer qualquer dano à pele, pois não dispõe de energia suficiente para provocar qualquer reacção química, menos ainda qualquer efeito ionizante. Acrescento, a propósito, que os alimentos cozinhados ou aquecidos em fornos de microondas, que usam radiação com a frequência de 2,45 GHz (pelas mesmas razões) não representam qualquer risco para a saúde.
Referências: Os estudos que menciono (no 2.º e 3.º parágrafo do texto) são citados no n.º 2 de “O Quebra Mitos”, boletim de notícias da ARSLVT, da autoria do Professor Doutor António Vaz Carneiro e num Artigo da Harvard Medical School.