“Dosis sola facit venenum.” Paracelsus, 1538
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terça-feira, 17 de outubro de 2017

Qual é o tamanho de um pénis?

Esta é, provavelmente, a pergunta que na adolescência mais gostaríamos de fazer em matéria de sexualidade, mas por vergonha a maioria coloca-a apenas a si próprio.

É habitual este tema preocupar ambos os sexos durante a adolescência, nomeadamente nos anos anteriores ao início da actividade sexual. No entanto, na idade adulta a preocupação com o tamanho do pénis parece quase restringida ao homem. Inquéritos recentes realizados pelo telefone (portanto sem valor científico) mostram que cerca de metade dos homens está convencido que o seu pénis é demasiado pequeno, mas apenas 5% das mulheres afirmam que gostariam que o pénis do seu parceiro fosse maior.

Desconhece-se a origem desta tendência masculina para se preocupar com o tamanho do pénis mas pensa-se que terá surgido já em pleno século XX com a vulgarização da pornografia e sido posteriormente inflacionada com a publicidade a produtos e a cirurgias que alegadamente aumentam o tamanho do pénis. Como sabem, a Teoria da Evolução das Espécies coloca os humanos na classe dos mamíferos e na ordem dos Primatas (conjuntamente com os macacos, os símios, e os lémures). Apesar de o Gorila ser o maior mamífero da ordem (de altura idêntica à do homem, variando entre 140 e 200 cm, mas muito mais pesado, com oscilação entre os 140 e os 230 kg) é, no entanto,  o homem que apresenta (de longe) o maior pénis entre os primatas. Este facto deveria ser suficiente para nos acalmar, mas assim não acontece com muitos de nós.

À nascença, a medida média de um pénis de bebé é de 3,5 cm. Mas nos dois primeiros anos de vida o seu crescimento (tal como o da generalidade dos nossos órgãos) é acelerado passando a medida média para cerca de 5 cm. A partir desta idade o seu crescimento é mais lento, demorando dez anos para conseguir um crescimento idêntico ao dos dois primeiros anos de vida. Assim, quando começa a adolescência (final dos 12, início dos 13 anos, o pénis dos rapazes não costuma ultrapassar os 6,5 cm de comprimento. Nestas idades o corpo humano aumenta significativamente a produção de hormonas (nomeadamente sexuais) e os pénis começam a adquirir erecções visíveis. Começam então as preocupações com o tamanho e a espessura, tanto do pénis flácido como em erecção. Curiosamente, em alguns rapazes o pénis, quando flácido, continua a crescer acompanhando o crescimento corporal até aos 21 ou 22 anos, podendo atingir mais de 10 cm de comprimento. No entanto, muitos outros rapazes apresentam um crescimento muito reduzido do pénis flácido e atingem a idade adulta com um pénis que, quando estão com frio, pode não ir além dos sete centímetros de comprimento. Calma! Uma coisa é a medida do pénis flácido, outra, a medida erecto. Na Grécia antiga, por exemplo, um pénis flácido comprido era considerado ridículo e por isso, o ideal de beleza da época obrigava a representar os deuses com pénis flácidos pequenos, que significavam grande potência sexual e grande diâmetro quando em erecção. Esta forma de pensamento atravessou todo o Império Romano e a Idade Média, ganhando ainda mais força no período do Renascimento. O exemplo mais famoso deste modo de pensar é a estátua do Rei David, escultura com 5,17 metros de altura, da autoria de um dos mais famosos artistas de todos os tempos, Michelangelo. Pénis de rapazes e homens adultos aparentemente pequenos, quando flácidos, ainda hoje constituem um símbolo da potência sexual do homem em todos os países de cultura judaico-cristã.

Então, porquê a preocupação com o tamanho?

Tanto urologistas como psiquiatras e psicólogos parecem concordar que se trata de uma insegurança associada ao medo de não conseguir agradar visualmente à parceira, associada ao mito urbano de que os pénis pequenos deixam as parceiras sexuais insatisfeitas.

Mas, afinal, quanto é que mede um pénis normal em erecção?

Dada a popularidade do tema “sexo” a internet está pejada de alegados estudos que na prática mais não são que inquéritos directos, nos quais as respostas sobre o comprimento do membro são dadas pelo próprio e, portanto, não têm qualquer credibilidade. Considerando a delicadeza do tema, compreende-se que sejam conhecidos poucos estudos científicos, em que as medições tenham sido efectuadas por profissionais de saúde, de forma padronizada, abrangendo indivíduos de várias etnias, com revisão por pares e publicação em revista científica. Credíveis, portanto. Destaco os dois mais completos por abrangerem o maior número de voluntários.

Um dos estudos é de 1996, envolveu sete mil voluntários e foi publicado no “Journal of Urology”. Concluiu que os pénis flácidos apresentam uma variação em tamanho muito maior que quando estão em erecção e que a média do comprimento de um pénis adulto erecto é de 5,08 polegadas (12,9 cm).

Uma meta-análise (um estudo que analisa vários outros estudos e é tido como o mais credível dos vários tipos de estudos científicos) publicada na BJU International (a mais prestigiada revista científica de urologia) em 2015, abrangendo um total de 15 521 medições efectuadas em cerca de 15 países de quatro continentes (Europa, África, Ásia e América) concluiu que a média do comprimento do pénis humano adulto, erecto, medida na parte superior do órgão, entre a pele que cobre o osso púbico e a extremidade da glande, é de 13,12 centímetros. Sendo que, apenas 1,5% dos homens apresenta pénis menores que 11,5 cm e menos de 1% exibe pénis com comprimento superior a 14,5 cm. O metaestudo concluiu também que o perímetro médio do pénis adulto, erecto, medido na base, junto da pele que cobre o osso púbico (local onde apresenta o maior valor) é de 11,66 cm. Tendo 99% dos homens apresentado valores entre os 10 e os 13,5 cm.

Refira-se ainda, que os estudos mais credíveis apontam para que a vagina de 95% das humanas adultas, quando sexualmente excitadas apresenta uma profundidade não superior a 14 cm e a quase totalidade da sensibilidade vaginal se situa nos 4 primeiros cm (junto à entrada).

Refira-se igualmente que em medicina só se considera que um pénis adulto é pequeno e necessita de intervenção médica quando em erecção apresenta um comprimento inferior a 7,5 cm. Problema extremamente raro, que afeta menos de um em cada dez mil homens.

Refira-se finalmente, que não são medicamente aconselháveis quaisquer cirurgias para aumento do pénis, a menos que tal seja aconselhado por um urologista experiente, pois tais intervenções têm inúmeros efeitos secundários graves que incluem a perda total de capacidade de erecção.

Conclui-se assim, que são totalmente infundados os receios dos rapazes e dos jovens adultos quanto às dimensões dos respectivos pénis.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Divulgação (2)

Realizou-se, a 2 e 3 de Junho passado, mais uma Mostra de Escola na Cacilhas-Tejo. Muitas bancas e dezenas de actividades, bem como um elevado número de visitantes, marcaram (uma vez mais) a iniciativa. A Equipa do Projecto de Educação para a Saúde, apesar de os seus elementos estarem também envolvidos nas actividades dos respectivos departamentos, apresentou uma pequena banca com vários folhetos (e cartazes) alusivos a múltiplos temas. Mas o destaque, em termos de actividades relacionadas com a Educação para a Saúde, foi para os modelos dos aparelhos reprodutores humanos (masculino e feminino) que a professora de Biologia e Geologia, Helena Cruz, construiu conjuntamente com as alunas Ana Rocha e Mariana Mendes e que se encontravam em exposição no espaço destinado ao Grupo Disciplinar da docente.
Deixamos duas imagens ilustrativas dos trabalhos:

O aparelho reprodutor feminino;
E o aparelho reprodutor masculino;
Ambas (gentilmente) surripiadas do blogue TerraGira (da autoria da professora Helena Cruz) onde podem ser vistas mais fotos dos trabalhos.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

O que é o HPV?

HPV é a sigla de Human Papillomavirus ou, em Português, Vírus do Papiloma Humano. A infecção por HPV (Papilomavirus Humano ou virus do papiloma humano) é uma das doenças sexualmente transmissíveis mais comuns nos adolescentes e adultos jovens com prevalências que podem atingir os 50%. A infecção por HPV é frequente nos jovens sexualmente activos de ambos os sexos e de todas as etnias em particular nas idades entre os 16 até aos 25 anos de idade. Este vírus foi já encontrado em locais como: olhos, boca, faringe, vias respiratórias, ânus, recto e uretra. Idade precoce da primeira relação sexual e a existência de múltiplos parceiros são factores de risco bem aceites. Hábitos tabágicos, uso de contraceptivos orais, presença de doenças venéreas, algumas deficiências nutricionais e raça/etnia, têm também sido descritos como factores de risco para o cancro do colo uterino. A prevenção da doença pode ser feita através da vacinação. Por essa razão, em 27 de Outubro de 2008 a vacina contra as infecções por vírus do papiloma humano (vacina HPV) entrou no Programa Nacional de Vacinação e é efectuada gratuitamente iniciando-se com as nascidas em 1995.A vacinação universal de rotina com a vacina HPV tem como objectivo a prevenção de infecções por vírus do papiloma humano (lesões genitais pré-cancerosas, cancro do colo do útero e verrugas genitais externas) e a diminuição, a longo prazo, da incidência do cancro do colo do útero. Referências: http://www.arscentro.min-saude.pt/SaudePublica/Material/Paginas/VacinaHPV.aspx http://www.sppv.org/hpv.html

sexta-feira, 29 de abril de 2011

A sexualidade

Ainda que existam na natureza, nalgumas espécies, casos de reprodução assexuada (extremamente raros nos animais, um pouco mais vulgares nas plantas), a generalidade das espécies, desde os insectos aos animais, desenvolveu um instinto sexual extremamente forte, que envolve comportamentos que “consomem” tempo e enormes quantidades de energia. Tal instinto, só parece justificar-se por permitir o fundamento da vida – a continuação da espécie.

Em seres biologicamente inferiores, como os insectos, os peixes ou os répteis, o instinto sexual resume-se ao acto, em si. Mas à medida que percorremos as espécies, rumo às superiores, observamos um instinto sexual mais abrangente, que se vai iniciando muito antes e não se esgota na prática pura e simples do acto sexual, com a criação de relações/laços cada vez mais fortes entre os parceiros sexuais. O Homem, enquanto espécie superior (dispõe do mais evoluído sistema nervoso, o que faz dele o mais capaz de se adaptar a um determinado meio e simultaneamente, o mais capaz de alterar esse meio de acordo com as suas necessidades), não podia deixar de deter o mais complexo instinto sexual, estabelecendo as mais fortes relações afectivas com o seu parceiro.

E para que servem estes laços? Nas espécies inferiores, além de o instinto sexual se resumir à prática do acto, como referi acima, também os cuidados com os filhos (regra geral) cessam no momento do nascimento destes (tendo eles que se desenrascarem por si próprios desde o primeiro momento pós-natal), mas nas espécies superiores, pelo menos um dos progenitores (normalmente a fêmea) cuida e protege os filhotes durante os primeiros tempos de vida. Nas espécies de topo, ambos os progenitores reservam para si o direito de cuidar dos filhos, estendendo-o (regra geral) tanto mais no tempo, quanto mais evoluída é a espécie, pois as crias carecem de cuidados mais complexos. Estes laços, criados através de um evoluído instinto sexual, servem, portanto, para uma escolha criteriosa do parceiro e para fortalecerem a relação que, do ponto de vista da evolução da espécie, se deseja o mais duradoura possível.

Nas últimas décadas, por um lado devido a alguns métodos de contracepção e por outro devido às técnicas de reprodução assistida, sexo e reprodução aparecem, nos humanos (mas não só), um pouco mais dissociados. No entanto, um instinto sexual evoluído, isto é, que não se esgota (nem perto disso) na prática exclusiva do sexo, é indissociável da nossa condição humana e permanecerá connosco enquanto existirmos como a mais superior das espécies.

É ao conjunto de atitudes, comportamentos, impulsos, reacções, cumplicidades, que constituem o todo do instinto sexual humano e que se prolonga por toda a nossa vida, que chamamos sexualidade.

Esta sexualidade surge, por vezes, de forma incompleta: nalgumas, sobretudo na adolescência, sem a componente do impulso fisiológico (o chamado “amor platónico”); noutras, apenas com essa componente fisiológica, que conduz, dependendo dos indivíduos, à masturbação, ao sexo com um parceiro casual ou ao sexo pago (a primeira preferível às restantes, pois não envolve rico de contrair doenças sexualmente transmissíveis). Mas, dada a complexidade da nossa espécie, este “sexo pelo sexo” não é, na generalidade dos casos, sobretudo quando nos tornamos adultos, completamente satisfatório em termos psico-afectivos, nem perto disso, pelo que, a vivência de uma sexualidade plena implica o estabelecer de fortes relações afectivas com um parceiro sexual que connosco partilhe bem mais que alguns momentos de simples acto sexual.

Em resumo, a sexualidade humana apresenta duas funções: por um lado, o instinto básico que permite a reprodução; por outro, a criação de laços fortes e duradouros, entre os dois parceiros sexuais, susceptíveis de permitirem a partilha mútua da vida e de possibilitarem a protecção e a transmissão de valores, aos filhos, por parte de ambos os progenitores.

Referências: “Encenações e comportamentos sexuais: Para uma psicologia social da sexualidade” de Valentim Rodrigues Alferes; “Relações Afectivas e Saúde Mental” de Maria Cristina Sousa Canavarro; “Human Development” de Diane E. Papalia, Sally W. Olds e Ruth D. Feldman.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Período fértil: ciclo menstrual, ovulação e gravidez

Apesar do assunto ser abordado na disciplina de Biologia (12.º Ano), porque nem todos os alunos a frequentam parece-me importante que se fale aqui do período fértil da mulher, aquele em que é muito provável que uma relação sexual, sem o uso de quaisquer contraceptivos, resulte em gravidez. Até porque um inquérito recente (realizado de 3 a 13 de Setembro de 2010) realizado a 502 mulheres com menos de 45 anos, pela empresa GFK Metris, concluiu que 59% delas não sabe quando está no período fértil.

O período fértil de uma mulher corresponde (em média) a cerca de 4 dias em cada ciclo menstrual. Período ideal para quem tem dificuldades em engravidar não se esquecer de fazer mais algumas tentativas e, para as que não querem engravidar não porem a sorte à prova. Para os menos conhecedores da reprodução humana convém referir que, após o acto sexual, os espermatozóides “sobem” até ao colo do útero, transpõem o canal cervical, passam para o interior do útero e percorrem toda a sua parede até chegarem às trompas de Falópio onde vão encontrar (ou não) um oócito II que um deles fecundará. Isto significa que a gravidez ocorre (apenas) quando um espermatozóide e um oócito II se encontram, ambos “vivos”.

Chamamos ciclo menstrual ao período de tempo que decorre entre o 1.º dia de uma menstruação e o primeiro dia da menstruação seguinte. Este período varia de mulher para mulher e muitas mulheres têm ciclos irregulares, isto é, cada ciclo menstrual pode ter uma duração ligeiramente diferente. Em média, o ciclo menstrual é de 28 dias. O dia da ovulação é aquele em que o oócito II sai de um dos ovários e vai alojar-se na respectiva trompa de Falópio. Habitualmente o 14.º dia anterior ao início do (novo) ciclo menstrual. O dia da ovulação poderá variar entre o 13.º e o 15.º dia antes do (novo) ciclo menstrual (não mais que isso).

Os espermatozóides, normalmente permanecem “vivos” (habitualmente usa-se o termo “viáveis”) durante 48 horas (mas já foram detectados casos de espermatozóides que conseguiram “sobreviver” 5 dias em ambiente idêntico ao que encontram nas trompas de Falópio). Os oócitos permanecem “vivos” (ou “viáveis”, se preferirem), em média, durante 24 horas. (Em casos raros, este tempo pode aumentar para 36 horas.) Excepcionalmente, nalgumas mulheres pode ocorrer uma segunda ovulação, mas nunca mais de 24 horas depois da primeira.

Assim, o período fértil corresponde, em média, ao dia da ovulação, aos dois dias anteriores e ao dia seguinte a esse. Em caso excepcionais, como se expôs acima, o período fértil da mulher pode estar compreendido (no máximo) entre os cinco dias anteriores e os três dias seguintes ao dia da ovulação.