“Dosis sola facit venenum.” Paracelsus, 1538
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sexta-feira, 1 de julho de 2011

“Tenho uma grande constipação”

"Tenho uma grande constipação,
E toda a gente sabe como as grandes constipações
Alteram todo o sistema do universo,
Zangam-nos contra a vida,
E fazem espirrar até à metafísica.
Tenho o dia perdido cheio de me assoar.
Dói-me a cabeça indistintamente.
Triste condição para um poeta menor!
Hoje sou verdadeiramente um poeta menor.
O que fui outrora foi um desejo; partiu-se.

Adeus para sempre, rainha das fadas!
As tuas asas eram de sol, e eu cá vou andando.
Não estarei bem se não me deitar na cama.
Nunca estive bem senão deitando-me no universo.

Excusez un peu... Que grande constipação física!
Preciso de verdade e de aspirina."

Poesias de Álvaro de Campos [heterónimo de Fernando Pessoa], 14 de Março de 1931

sexta-feira, 25 de março de 2011

A doença (?) do amor

Ao ler os dois textos anteriores (aqui publicados) que falavam de saúde e de amor lembrei-me disto:
“A cidade está deserta
E alguém escreveu o teu nome em toda a parte:
Nas casas… nos carros… nas pontes… nas ruas…
Em todo o lado essa palavra
Repetida ao expoente da loucura!
Ora amarga! Ora doce!
Para nos lembrar que o amor é uma doença,
Quando nele julgamos ver a nossa cura!”
[Verso de Victor Espadinha, o último, da música” Ouvi dizer”, do grupo “Ornatos Violeta”]