“Dosis sola facit venenum.” Paracelsus, 1538
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terça-feira, 10 de agosto de 2021

Taxas de Mortalidade por CoViD-19 (no mundo)

 

Apresentam-se a seguir, as taxas de mortalidade pela infecção respiratória CoViD-19, por classes etárias, comparando-as com idêntica taxa de mortalidade para a mesma classe etária.

O estudo é muito recente e ainda não está publicado em revista de renome porque aguarda revisão por pares. Coloco-o aqui (nestas condições) por um lado porque se trata de uma revisão sistemática de vários estudos anteriores (portanto, não é algo que a comunidade científica desconhecesse) por outro, porque vem assinado por um dos conselheiros científicos da Organização Mundial de Saúde e professor da Universidade de Stanford, (na Califórnia) John P. A. Ioannidis, que é o epidemiologista mais citado no mundo.

 

Idade (em anos)

Taxa de mortalidade (em %)

Probabilidade idêntica à de morrer por:

0 a 19

0,0027

Acidente com objecto cortante

20 a 29

0,014

Insolação

30 a 39

0,031

Engasgamento ao comer

40 a 49

0,082

Afogamento

50 a 59

0,271

Atropelamento

60 a 69

0,595

Acidente de automóvel (condutor)

> 70

2,439

Doença respiratória crónica

 

Nota: A mortalidade em lares é cerca de 10 vezes superior à mortalidade dos restantes idosos.

 

Do estudo resulta a baixíssima taxa de mortalidade por CoViD-19 na população com menos de 70 anos de idade. E mesmo acima dos 70 anos uma taxa de mortalidade baixa (comparativamente a várias outras doenças) para quem não reside em lares. Factos que não constituem surpresa porque estamos a falar de mortes por CoViD-19 e não dos números habitualmente apresentados na comunicação social (pelas autoridades) que se referem a mortes provocadas pelas mais variadas causas, mas que testaram PCR positivo (normalmente designadas de mortes com CoViD-19).

Em Portugal, a taxa de mortalidade global era, a 18 de Abril de 2021 (data em que foi possível obter da DGS o número de mortos por CoViD-19), de 0,0183 %.

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

A sazonalidade da mortalidade

Quando há (quase) seis mil anos os sumérios fundaram a primeira civilização, escolheram para se instalarem uma terra extremamente quente, a Mesopotâmia, zona compreendida entre os dois grandes rios da região: o Tigre e o Eufrates, no actual Iraque.

Há, hoje, quem defenda que a escolha do local foi aleatória, mas também há quem ache que não terá sido uma coincidência e, numa época em que estava (quase) tudo por inventar, provavelmente os sumérios terão percebido que o fundamental para a sobrevivência era: a luz solar e a água, abundantes.

Foi com a evolução dos conhecimentos – a ciência – e com a evolução da sua aplicação prática – a tecnologia – que o homem foi aprendendo a manipular o clima à escala local (invenção do fogo, domínio dos metais, construção de casas, abertura de poços e de canais de irrigação, construção de estradas, etc.) e isso permitiu-lhe, aos poucos, expandir-se para latitudes e altitudes onde a sobrevivência era bem mais difícil.

Todas as grandes civilizações do passado (sumérios, babilónios, egípcios, fenícios, gregos e romanos) habitaram nas zonas mais quentes do planeta (clima desértico e clima mediterrânico). Taxas de mortalidade mais baixas e consequentemente mais anos de vida devem ter permitido a estes povos uma maior facilidade na transmissão de conhecimentos às novas gerações.

Sabemos hoje que a maioria das doenças apresentam alguma sazonalidade: à medida que os dias vão ficando mais quentes o número de afectados por elas e a gravidade das mesmas tem tendência para diminuir. As infecções respiratórias, actualmente a terceira maior causa de morte no mundo, são as que apresentam maior sazonalidade. Gripes e Pneumonias chegam a matar duas vezes mais pessoas em duas ou três semanas frias de Inverno que no conjunto dos quatro meses mais quentes do ano e isto tem uma influência significativa na mortalidade total.

Aqui fica um gráfico de barras (cada uma a corresponder a um mês do ano) que mostra a média mensal do número de mortos em Portugal entre 1998 e 2010. A linha vermelha representa a média anual. Nele se destaca que (em Portugal) Setembro é o mês com menor mortalidade (menos de 7 mil falecimentos) por efeito cumulativo das horas de luz solar e calor do longo do Verão. Em oposição, Janeiro (habitualmente o mês mais frio e com menor número de horas de sol) apresenta a mortalidade mensal mais elevada (mais de 10 500 óbitos) excedendo em mais de 50% o valor de Setembro.

Clica na imagem para ampliar


terça-feira, 17 de outubro de 2017

Qual é o tamanho de um pénis?

Esta é, provavelmente, a pergunta que na adolescência mais gostaríamos de fazer em matéria de sexualidade, mas por vergonha a maioria coloca-a apenas a si próprio.

É habitual este tema preocupar ambos os sexos durante a adolescência, nomeadamente nos anos anteriores ao início da actividade sexual. No entanto, na idade adulta a preocupação com o tamanho do pénis parece quase restringida ao homem. Inquéritos recentes realizados pelo telefone (portanto sem valor científico) mostram que cerca de metade dos homens está convencido que o seu pénis é demasiado pequeno, mas apenas 5% das mulheres afirmam que gostariam que o pénis do seu parceiro fosse maior.

Desconhece-se a origem desta tendência masculina para se preocupar com o tamanho do pénis mas pensa-se que terá surgido já em pleno século XX com a vulgarização da pornografia e sido posteriormente inflacionada com a publicidade a produtos e a cirurgias que alegadamente aumentam o tamanho do pénis. Como sabem, a Teoria da Evolução das Espécies coloca os humanos na classe dos mamíferos e na ordem dos Primatas (conjuntamente com os macacos, os símios, e os lémures). Apesar de o Gorila ser o maior mamífero da ordem (de altura idêntica à do homem, variando entre 140 e 200 cm, mas muito mais pesado, com oscilação entre os 140 e os 230 kg) é, no entanto,  o homem que apresenta (de longe) o maior pénis entre os primatas. Este facto deveria ser suficiente para nos acalmar, mas assim não acontece com muitos de nós.

À nascença, a medida média de um pénis de bebé é de 3,5 cm. Mas nos dois primeiros anos de vida o seu crescimento (tal como o da generalidade dos nossos órgãos) é acelerado passando a medida média para cerca de 5 cm. A partir desta idade o seu crescimento é mais lento, demorando dez anos para conseguir um crescimento idêntico ao dos dois primeiros anos de vida. Assim, quando começa a adolescência (final dos 12, início dos 13 anos, o pénis dos rapazes não costuma ultrapassar os 6,5 cm de comprimento. Nestas idades o corpo humano aumenta significativamente a produção de hormonas (nomeadamente sexuais) e os pénis começam a adquirir erecções visíveis. Começam então as preocupações com o tamanho e a espessura, tanto do pénis flácido como em erecção. Curiosamente, em alguns rapazes o pénis, quando flácido, continua a crescer acompanhando o crescimento corporal até aos 21 ou 22 anos, podendo atingir mais de 10 cm de comprimento. No entanto, muitos outros rapazes apresentam um crescimento muito reduzido do pénis flácido e atingem a idade adulta com um pénis que, quando estão com frio, pode não ir além dos sete centímetros de comprimento. Calma! Uma coisa é a medida do pénis flácido, outra, a medida erecto. Na Grécia antiga, por exemplo, um pénis flácido comprido era considerado ridículo e por isso, o ideal de beleza da época obrigava a representar os deuses com pénis flácidos pequenos, que significavam grande potência sexual e grande diâmetro quando em erecção. Esta forma de pensamento atravessou todo o Império Romano e a Idade Média, ganhando ainda mais força no período do Renascimento. O exemplo mais famoso deste modo de pensar é a estátua do Rei David, escultura com 5,17 metros de altura, da autoria de um dos mais famosos artistas de todos os tempos, Michelangelo. Pénis de rapazes e homens adultos aparentemente pequenos, quando flácidos, ainda hoje constituem um símbolo da potência sexual do homem em todos os países de cultura judaico-cristã.

Então, porquê a preocupação com o tamanho?

Tanto urologistas como psiquiatras e psicólogos parecem concordar que se trata de uma insegurança associada ao medo de não conseguir agradar visualmente à parceira, associada ao mito urbano de que os pénis pequenos deixam as parceiras sexuais insatisfeitas.

Mas, afinal, quanto é que mede um pénis normal em erecção?

Dada a popularidade do tema “sexo” a internet está pejada de alegados estudos que na prática mais não são que inquéritos directos, nos quais as respostas sobre o comprimento do membro são dadas pelo próprio e, portanto, não têm qualquer credibilidade. Considerando a delicadeza do tema, compreende-se que sejam conhecidos poucos estudos científicos, em que as medições tenham sido efectuadas por profissionais de saúde, de forma padronizada, abrangendo indivíduos de várias etnias, com revisão por pares e publicação em revista científica. Credíveis, portanto. Destaco os dois mais completos por abrangerem o maior número de voluntários.

Um dos estudos é de 1996, envolveu sete mil voluntários e foi publicado no “Journal of Urology”. Concluiu que os pénis flácidos apresentam uma variação em tamanho muito maior que quando estão em erecção e que a média do comprimento de um pénis adulto erecto é de 5,08 polegadas (12,9 cm).

Uma meta-análise (um estudo que analisa vários outros estudos e é tido como o mais credível dos vários tipos de estudos científicos) publicada na BJU International (a mais prestigiada revista científica de urologia) em 2015, abrangendo um total de 15 521 medições efectuadas em cerca de 15 países de quatro continentes (Europa, África, Ásia e América) concluiu que a média do comprimento do pénis humano adulto, erecto, medida na parte superior do órgão, entre a pele que cobre o osso púbico e a extremidade da glande, é de 13,12 centímetros. Sendo que, apenas 1,5% dos homens apresenta pénis menores que 11,5 cm e menos de 1% exibe pénis com comprimento superior a 14,5 cm. O metaestudo concluiu também que o perímetro médio do pénis adulto, erecto, medido na base, junto da pele que cobre o osso púbico (local onde apresenta o maior valor) é de 11,66 cm. Tendo 99% dos homens apresentado valores entre os 10 e os 13,5 cm.

Refira-se ainda, que os estudos mais credíveis apontam para que a vagina de 95% das humanas adultas, quando sexualmente excitadas apresenta uma profundidade não superior a 14 cm e a quase totalidade da sensibilidade vaginal se situa nos 4 primeiros cm (junto à entrada).

Refira-se igualmente que em medicina só se considera que um pénis adulto é pequeno e necessita de intervenção médica quando em erecção apresenta um comprimento inferior a 7,5 cm. Problema extremamente raro, que afeta menos de um em cada dez mil homens.

Refira-se finalmente, que não são medicamente aconselháveis quaisquer cirurgias para aumento do pénis, a menos que tal seja aconselhado por um urologista experiente, pois tais intervenções têm inúmeros efeitos secundários graves que incluem a perda total de capacidade de erecção.

Conclui-se assim, que são totalmente infundados os receios dos rapazes e dos jovens adultos quanto às dimensões dos respectivos pénis.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Quais são as principais causas de morte?

Se colocarmos a questão a nível mundial, como muitos países não organizam estatísticas, os dados disponíveis sobre as principais causas de morte (resultam de estimativas feitas por países desenvolvidos ou organizações internacionais e) estão, provavelmente, longe da realidade, até porque algumas das doenças que mais matam nos países subdesenvolvidos estão particamente extintas ou são “facilmente” curáveis nos países desenvolvidos, pelo que, qualquer listagem das maiores causas de morte em países desenvolvidos é substancialmente diferente da listagem de um país subdesenvolvido. No entanto, parece consensual que, de longe, a principal causa de morte, a nível mundial, independentemente do grau de desenvolvimento dos países, é a interrupção da gravidez (vulgo aborto). De acordo com estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS), apesar de este acto ser proibido pelas leis, pela religião e pela cultura de muitos povos, em 2003 terão morrido, por esta via, cerca de 46 milhões de seres humanos (42 milhões dos quais, resultantes de interrupções induzidas por opção da mulher ou da família (os restantes 4 milhões procederam de causa natural e designam-se por interrupções involuntárias). Estes números são tão elevados que, apesar de ser comum em muitos países agruparem-se várias causas de morte (por doenças do mesmo órgão ou sistema), ainda assim, em vários deles, a interrupção da gravidez encabeça a lista. Habitualmente (essencialmente por razões políticas, mas não só) as listas das principais causas de morte excluem a interrupção da gravidez. Na tabela seguinte listam-se, de acordo com as estimativas da OMS, as dez principais causas de morte (dados referentes ao ano de 2008, actualizados em Junho de 2011)
Causa de Morte Número de vítimas
1 Doenças isquémicas do coração 7 250 000
2 Doenças cerebrovasculares 6 150 000
3 Infecções respiratórias 3 460 000
4 Doenças pulmonares obstrutivas crónicas 3 280 000
5 Diarreia 2 460 000
6 Sida 1 780 000
7 Cancro da traqueia, pulmões e brônquios 1 390 000
8 Tuberculose 1 340 000
9 Diabetes 1 260 000
10 Acidentes de viação 1 210 000
Mas, como disse acima, estes números (por serem estimativas e não contagens reais) além de pouco credíveis, são números mundiais e não reflectem a realidade dos países mais desenvolvidos, onde, por exemplo, as mortes por diarreia, tuberculose ou sida apresentam números menos significativos. Na tabela abaixo, apresento os dados nacionais (das dez principais causas de morte) referentes a 2009 (actualizados em Setembro de 2010) retirados do Instituto Nacional de Estatística e da Direcção-Geral de Saúde, que, contrariamente aos números da OMS, não são estimativas mas contagens reais baseadas nas certidões de óbito.
Causa de Morte Número de vítimas
1 Doenças do aparelho circulatório 33 472
2 Cancro (todos os tipos) 24 397
3 Interrupção da gravidez 19 848
4 Doenças do aparelho respiratório 12 202
5 Doenças do aparelho digestivo 4 639
6 Diabetes 4 603
7 Lesões, envenenamentos e actos de violência 4 409
8 Doenças do aparelho genito-urinário 3 064
9 Doenças infecciosas e parasitárias 1 701
10 Suicídios 1 025
Por vezes tem interesse sabermos que doenças, em concreto, fazem mais vítimas mortais e este agrupar de dados (por exemplo, doenças do aparelho respiratório) não ajuda ao esclarecimento. Acontece que, em Portugal não há outros dados (credíveis) disponíveis. Por isso, termino este (já longo) texto com os dados referentes aos Estados Unidos (também contagens reais) seguramente, em termos de peso relativo de cada doença, não muito diferentes dos nossos. A tabela apresenta as vinte causas mais letais, no ano de 2009. Os dados são dos Centers for Disease Control and Prevention.
Causa de Morte Número de vítimas % do total
1 Interrupções da gravidez 1 212 350* 33,3
2 Cancro da traqueia, pulmões e brônquios 158 105 4,3
3 Enfarte do miocárdio 135 361 3,7
4 Alzheimer 78 889 2,2
5 Diabetes 68 504 1,9
6 Arteriosclerose 64 072 1,8
7 Gripe e Pneumonia 53 582 1,5
8 Cancro do cólon e do recto 52 462 1,4
9 Insuficiência renal 43 263 1,2
10 Cancro da mama 41 115 1,1
11 Suicídio 36 547 1
12 Cancro do pâncreas 35 872 1
13 Septicemias 35 587 1
14 Envenenamentos 30 504 0,8
15 Cirrose e doenças crónicas do fígado 30 444 0,8
16 Cancro da próstata 28 154 0,8
17 Quedas 24 834 0,7
18 Leucemia 22 697 0,6
19 Parkinson 20 552 0,6
20 Linfomas 20 363 0,6
*Dados de 2008. Cerca de metade das vítimas eram filhos de mães não residentes em território dos Estados Unidos.