terça-feira, 19 de julho de 2011
Frases célebres (1)
segunda-feira, 11 de julho de 2011
A cerveja e o consumo abusivo de álcool
Sobre a mesa de um bar “cristalizavam” 45 garrafas de cerveja a perfilar a evolução do cronómetro em direcção à festa da noite. Cerca de 15 litros de cerveja (contendo, na totalidade, quase um litro de álcool etílico puro) trasfegavam entre tremoços os sistemas cardiovasculares e renais de três folgazões.
Enquanto diluíam a espera, reviviam heróicas epopeias passadas noutras ilhas etílicas, viagens imóveis por todo o universo a desafiar as Leis da Física. Num apelo à matéria quântica mal entendida, atentavam passar de um estado sóbrio a um outro dito ébrio, sem esforço, sem qualquer barreira de activação por ultrapassar, simplesmente através de um efeito de túnel sem dimensões. Contrastando com a volatilidade etílica, a força da gravidade mantinha os folgazões sentados, precavendo-os de uma previsível queda deambulante pela conservação do Momento. Nunca a certeza fora tanta de que a menor distância entre dois pontos é, claro está, uma linha curva (no espaço euclidiano)!
De quando em quando, a fisiologia das interacções biomoleculares, choques nanométricos entre moléculas feitas de átomos de hidrogénio, carbono, oxigénio, nitrogénio, enxofre, fósforo e alguns metais, obrigava a expulsar algum do líquido ingerido, feito urina. Mas o álcool etílico, ou etanol, molécula feita de dois carbonos, seis hidrogénios e um átomo de oxigénio, resiste em abandonar o corpo, rouba o lugar à água e permanece a agitar as membranas celulares, a alterar a viscosidade dos líquidos corporais, como o do ouvido interno que é garante da percepção de verticalidade (a ressaca fará disso eco em tontura, despojo de um ambiente bioquímico agudamente modificado). Intrometido entre a funcionalidade membranar, o etanol, qual pedra na engrenagem, altera relações cooperativas entre fosfolípidos e inúmeras proteínas funcionais a nível da membrana celular. Há assim mensagens que não passam, impulsos nervosos que se não sucedem. Com limiares alterados, as integrações neuronais resultam em soluções sem sentido, crescentemente incompatíveis com a harmonia dos gestos e das palavras. Surgem combinações novas num fogo de sinapses fátuas, genialidades insuspeitas numa consciência etílica sem memória.
Parafraseando Lavoisier (que, ao que consta, terá bebido cerveja), pai da química moderna, “nada se perde, nada se cria, tudo se transforma”, e no entretanto, muita história fica.»
sexta-feira, 1 de julho de 2011
“Tenho uma grande constipação”
E toda a gente sabe como as grandes constipações
Alteram todo o sistema do universo,
Zangam-nos contra a vida,
E fazem espirrar até à metafísica.
Tenho o dia perdido cheio de me assoar.
Dói-me a cabeça indistintamente.
Triste condição para um poeta menor!
Hoje sou verdadeiramente um poeta menor.
O que fui outrora foi um desejo; partiu-se.
Adeus para sempre, rainha das fadas!
As tuas asas eram de sol, e eu cá vou andando.
Não estarei bem se não me deitar na cama.
Nunca estive bem senão deitando-me no universo.
Excusez un peu... Que grande constipação física!
Preciso de verdade e de aspirina."
quinta-feira, 23 de junho de 2011
Concurso para a criação do logótipo do gabinete (2)
quarta-feira, 15 de junho de 2011
E. coli e outras bactérias causadoras de intoxicações alimentares
Neste caso concreto da contaminação de alimentos pela bactéria E.coli, a comunicação social exagerou porque tentou (uma vez mais) transformar em algo de verdadeiramente excepcional um surto idêntico a outros. A título de exemplo, na União Europeia, em 2006 foram comunicados oficialmente 5 710 surtos de contaminação alimentar por E.coli, que envolveram 53 568 pessoas, mais de meia centena das quais viria a falecer. Em 2008 um surto da dita bactéria encontrada em carne picada provocou intoxicações alimentares a 3 159 cidadãos europeus. Em Portugal (apesar de não haver dados exactos) e nos países do Sul da Europa estes surtos parecem ser pouco frequentes e afectarem um pequeno número de pessoas, mas nos países mais ao Norte, devido ao facto do processamento, empacotamento e distribuição de alimentos se realizar em grande escala, qualquer contaminação acaba por afectar grandes quantidades de alimentos, distribuídos por supermercados, escolas, restaurantes, etc., intoxicando assim um grande número de pessoas. Por exemplo, nos Estados Unidos, os CDC (Centers for Disease Control and Prevention), organismos com funções idênticas à nossa Direcção-Geral de Saúde, estimam que, só pela E.coli, sejam contaminados anualmente cerca de 25 mil norte-americanos, dos quais 0,4% (uma centena) acabam por falecer. Nos países asiáticos e africanos, onde os cuidados de higiene (sobretudo da população mais pobre) são menores estima-se um número muito mais elevado de contaminados e devido aos fracos cuidados médicos suspeita-se de um elevado número de vítimas mortais.
As autoridades alemãs também não agiram da forma mais correcta pois em vez de explicarem à população o que se deve fazer para reduzir a probabilidade de uma intoxicação alimentar por bactérias, optaram por aconselhar a não ingestão de determinados alimentos (primeiro pepinos, depois alfaces e tomates, mais tarde rebentos de vegetais) sem terem a mínima ideia de qual ou quais destes alimentos estavam na origem da contaminação, sendo que, qualquer um deles (e muitos outros) poderia ter causado o surto.
Depois desta longa introdução em jeito de comentário, passemos então a tentar esclarecer o que se pode fazer para reduzir a probabilidade de sermos vítimas de uma intoxicação alimentar, por bactérias.
Em termos de preocupação com a segurança dos alimentos, a contaminação bacteriana, problema que afecta a água (de alguns poços, ribeiros e lagoas), a carne, o peixe, os lacticínios, os ovos, os frutos, os vegetais e outros alimentos que se comem crus (como nalgumas culturas (o marisco ou os rebentos de leguminosas) é a ameaça que eclipsa todas as outras. São três as bactérias responsáveis pela maioria das gastroenterites (vulgo intoxicações alimentares) bacterianas:
E. coli. – A bactéria vive nos intestinos de inúmeros animais de sangue quente, incluindo o Homem. As principais causas de contaminação dos alimentos por esta bactéria são: manusear alimentos depois de ter ido à casa de banho e não ter lavado convenientemente as mãos com água corrente e sabão (gel ou detergente); comer carne (ou peixe) crua cuja manipulação foi incorrecta tendo o conteúdo dos intestinos do animal entrado em contacto com a carne; não lavar devidamente os vegetais (ou os frutos que podem ter sido colhidos do chão) antes de os cortar para a salada (ou descascar e comer), podendo estes ter estado em contacto directo com o estrume que aduba os campos ou em contacto com caixotes contaminados usados no transporte dos alimentos. A intoxicação por E. coli é a causa mais comum de insuficiência renal súbita nas crianças e em caso de grande contaminação pode mesmo causar lesões renais em adultos. Anualmente milhões de quilos de alimentos (principalmente carne de aves, picada) são recolhidos pelas autoridades sanitárias europeias, devido à contaminação por E. coli. Os danos causados ao organismo humano devem-se a uma toxina chamada shiga, frequentemente encontrada em alguns subtipos da bactéria.
Salmonella - Esta bactéria é encontrada principalmente nos ovos (mas também na carne, no peixe e nos mariscos). Pode disseminar-se para outros alimentos, sobretudo lacticínios e frutas que contactem (por exemplo, aquando do transporte) com carne ou ovos contaminados. Um estudo publicado em 2001, no The New England Journal of Medicine, revelou até que ponto a prevalência desta bactéria é alarmante: em Inglaterra foram analisadas 200 amostras de carne picada de frango, vaca, peru e porco, 40 dessas amostras continham Salmonella.
Campylobacter - Geralmente chega ao nosso organismo através da ingestão de carne de aves. Esta bactéria é a causa mais comum de gastroenterite bacteriana nos países desenvolvidos, tendo em 2008 sido notificados quase 200 mil casos na União Europeia e quase dois milhões e meio nos Estados Unidos.
Várias outras bactérias podem provocar intoxicações alimentares mas, no seu conjunto, representam apenas uma em cada mil intoxicações.
Os principais sintomas das intoxicações alimentares são: dores abdominais, febre, vómitos, manchas na pele, diarreia e sensação de cansaço.
O que devemos fazer para evitar as contaminações?
Em primeiro lugar, como já referi acima, é imprescindível que se lavem bem as mãos (com água corrente e sabão) sempre que vamos à casa de banho. Igualmente essencial é nunca beber água que não tenhamos a certeza que é potável. É também importante lavarmos frequentemente as mãos ao longo do dia, principalmente antes e durante a preparação dos alimentos (a cada alimento diferente, a manipular, devemos lavar bem as mãos (com sabão se o alimento for gorduroso)). Não devemos limpar as mãos a um pano ou toalha se as não tivermos acabado de lavar, pois as bactérias aí depositadas encontram um bom meio para se multiplicarem.
Especificamente no que diz directamente respeito aos alimentos, devemos: Evitar adquirir carne (principalmente de aves) previamente picada, a maioria dos talhos e supermercados picam (a nosso pedido) a carne na hora; Cozinhar bem o peixe e a superfície exterior da carne que já esteve duas (ou mais) horas exposta à temperatura ambiente (principalmente no Verão); Lavar bem, com água corrente, os alimentos que comemos crus (mesmo os frutos que descascamos) e todos os que caírem ao chão durante a manipulação certificando-se que toda a sua superfície é esfregada com a mão (não é preciso força para remover as bactérias que, sendo microorganismos, são facilmente destruídos pelo atrito da mão com o alimento e arrastados (tal como as suas toxinas) pela água); Retirar sempre os intestinos do peixe (e da carne, se for o caso), e lavá-lo em água corrente antes de o cozinhar; Ter em conta que as superfícies onde colocamos os alimentos sujos também precisam de ser lavadas antes de colocarmos sobre elas alimentos limpos (o mesmo se aplica aos utensílios de cozinha).
As sobras dos alimentos devem ser guardadas o mais rapidamente possível no frigorífico ou no congelador (conforme os casos). Devemos manter o frigorífico a temperatura inferior a 5 ˚C e o congelador a temperatura igual ou inferior a -18 ˚C. Convém dividir os alimentos em pequenas porções para arrefecerem mais rapidamente. Tenhamos em atenção que o frio não destrói as bactérias apenas as impede de se reproduzirem. As bactérias morrem se forem expostas a temperaturas superiores a 70 ˚C ou a radiação ultravioleta (ou mais energética).
Referências: Harvard Medical School; Merck Sharp & Dohme; Centers for Disease Control and Prevention.
quarta-feira, 8 de junho de 2011
Embaixadores da Saúde (5)
segunda-feira, 30 de maio de 2011
O uso intensivo de telemóveis provoca cancro no cérebro?
Um estudo levado a cabo nos Estados Unidos, em 2001 (publicado no New England Journal of Medicine) comparou 782 doentes com cancro cerebral, internados em hospitais dos EUA, com 799 doentes, também internados em hospitais norte-americanos, mas com outras doenças. Concluiu que não havia qualquer relação entre a utilização de telemóveis, durante pelo menos uma hora por dia, e o cancro cerebral. Em 2006 foi publicado (no Journal of the National Cancer Institute) um estudo dinamarquês que seguiu durante 13 anos, um grupo de mais de 420 mil pessoas que usavam telemóveis. Este estudo concluiu que não existe qualquer relação entre o uso de telemóveis e o cancro cerebral, quer em doentes com utilizações intensivas quer ocasionais.
Estes estudos, levados a cabo por especialistas em medicina são, do ponto de vista das ciências mais exactas (a Física e a Química) perfeitamente desnecessários. Conhecimentos adquiridos por alunos do 10.º e 11.º na disciplina de Física e Química A, permitem-lhes saber que as ondas electromagnéticas (vulgo radiação) emitidas pelos telemóveis não conseguem penetrar os ossos do crânio, sendo-lhes portanto impossível causar qualquer espécie de dano a qualquer célula contida no seu interior. Expliquemos (ou relembremos) um pouco mais em pormenor.
quarta-feira, 25 de maio de 2011
Obesidade
Que sistemas do nosso organismo são afectados?
- Aparelho cardiovascular;
- Sistema metabólico;
- Sistema pulmonar;
- Aparelho gastrintestinal;
- Aparelho genito-urinário e reprodutor.
terça-feira, 24 de maio de 2011
Qual é a quantidade de água que devemos beber diariamente?
Numa consulta rápida na Internet em busca de resposta para esta pergunta, conforme os sítios (e eliminando as respostas mais excêntricas), obtemos respostas que vão desde a necessidade de ingerimos cerca de 1,5 litros de água por dia até aos 3 litros. Algumas páginas recomendam-nos que tenhamos em conta a totalidade de água contida nos alimentos, mas esta não se apresenta uma tarefa fácil, pois a quantidade de água presente nos alimentos é muito variável, quando comparada com a massa destes; desde quase zero, numa margarina ou óleo vegetal até aos mais de 96% no pepino, 95% na alface, 94% no tomate e no agrião, passando pelos 87% nos citrinos e nos pêssegos, pelos cerca de 50% na carne de vaca, ou pelos 12% nas farinhas ou no arroz (crú).
Parece que a obtenção da resposta correcta à questão colocada no título nos vai envolver em cálculos complexos, afectados por significativa incerteza, no entanto, como escrevi logo na primeira linha deste texto, a resposta não é complexa. Quer na Internet, quer através de familiares e amigos, que por vezes citam os seus médicos, é habitual ouvirmos dizer que devemos ingerir, além da água contida nos alimentos, pelo menos mais dois litros diários, mas a resposta correcta à questão não é assim tão exacta. A ideia de que precisamos de beber pelo menos dois litros de água por dia é apenas mais um dos muitos mitos que circulam.
A água é uma das substâncias que são estritamente reguladas pelo nosso organismo e o seu metabolismo é simples, o organismo só aproveita aquela de que necessitamos. A quantidade de água no organismo é regulada por hormonas que garantem a manutenção de uma determinada densidade do sangue normal. Quando desidratamos esta densidade aumenta e o organismo perde temporariamente menos água, somos então, “de imediato”, acometidos pela sensação de sede, sendo este um alerta para a necessidade de ingerirmos líquidos nos minutos seguintes. Quando estamos bem hidratados não temos sede, o que significa que o organismo não necessita que ingeramos mais líquidos. Se o fizermos, urinamos mais, pois são os rins que controlam a quantidade de água que deve existir no organismo, através do aumento ou diminuição do volume de urina, e se estiverem a funcionar normalmente dispensam qualquer ajuda externa.
Forçar a ingestão de líquidos quando deles não necessitamos é, no mínimo, inútil e em certos casos perigoso, pois a partir de certo volume de água ingerida, os rins podem ter dificuldades em eliminar a supérflua, diminuindo a osmolalidade (número de moles de soluto por quilograma de solvente transferido por osmose) do sangue, ou mais correctamente, do plasma, o que pode ter consequências bastante graves (convém não esquecer que, tal como já escrevi aqui, o veneno não está na substância mas sim na dose e, mesmo substâncias aparentemente inócuas, como a água, quando ingeridas em quantidade excessivas são prejudiciais à saúde), devido à diminuição da concentração de certos sais.
Que quantidade de água se deve beber, então? A resposta é muito simples: devemos beber toda a água (ou outra bebida sem álcool) que nos apetecer, sempre que tivermos sede, até que esse “problema” esteja resolvido, nem mais, nem menos.
Referência: Artigo da Harvard Medical School.