sexta-feira, 20 de agosto de 2021
“Uma vacina longe demais”
segunda-feira, 16 de agosto de 2021
Qual é a bebida que melhor hidrata?
É habitual escutarmos, principalmente entre desportistas de competição, interessantes trocas de argumentos fundamentando as ideias de cada participante na discussão do tema. Por regra, os argumentos são pobres e cada um acaba a querela com a mesma ideia que tinha no seu início, não convencendo nem se deixando convencer. Entre médicos, como é habitual na maioria das matérias científicas, as opiniões divergem bastante e amiúde prevalece o mito urbano mais popular.
Para responder à pergunta do título, não são poucos os que, em vez de recorrerem a argumentos científicos, recorrem a uma justificação linguística – Se hidratar é manter ou aumentar a quantidade de água no organismo, então o melhor é usar água. A água é o melhor hidratante.
Até a Direcção-Geral da Saúde (DGS) há poucos anos alertava para a necessidade de nos hidratarmos nos dias de maior calor (nomeadamente na praia) e recomendava que bebêssemos água e não refrigerantes. O DGS da época, Francisco George, médico de formação, apesar da longa carreira política, chegou mesmo a dizer numa entrevista televisiva que bebidas com açúcar e/ou cafeína aumentavam a desidratação. Alegações deste tipo não constituem novidade, porque no que se refere à saúde, a DGS e os seus dirigentes há muito que se tornaram uma máquina infernal de propagação de mitos. Ponto um – não temos que nos preocupar com a hidratação porque quando estamos desidratados temos cede. Ponto dois – Bebidas, quaisquer que elas sejam, têm a água como principal componente, não podem desidratar, umas podem é hidratar mais que outras, mas todas hidratam. Ponto três – O açúcar, tal como o sal, éhigroscópico retendo água no organismo, evitando, ou no mínimo retardando, a desidratação, e a cafeína, que muitos consideram apresentar propriedades diuréticas, não confirma essa propriedade na maioria das bebidas onde se inclui (apenas o café parece apresentar um ligeiro efeito diurético).
Então a água não é o melhor hidratante?
De facto, estamos desidratados quando temos falta de água. Mas para nos mantermos hidratados precisamos de reter a água no organismo pelo máximo tempo possível. Portanto, bebidas com mais sais minerais que a água e com razoáveis teores de açúcar ou de proteínas, ainda que apresentem quantidades de água inferiores, para o mesmo volume de líquido ingerido, retêm por mais tempo essa água no organismo mantendo-o assim melhor hidratado.
Um estudo publicado em finais de 2015 no “The American Journal of Clinical Nutrition” analisou a capacidade de hidratação de 13 bebidas diferentes e veio confirmar o lógico. Atrás da água ficaram apenas: a cerveja (no 12.º) e o café (no 13.º lugar). Praticamente empatadas, no décimo lugar ficaram: a água e a água com gás. Empatados no oitavo lugar ficaram: o chá quente (servido a 60 ºC) e uma bebida desportiva (concretamente Powerade). Em sétimo lugar ficou o Ice Tea. À sua frente um refrigerante de cola sem açúcar (no caso, Diet Coke). Bem melhor, em termos de hidratação, o quinto lugar foi ocupado por um refrigerante de cola com açúcar (neste caso a Coca-Cola). Com capacidade idêntica, no quarto lugar, classificou-se o sumo de laranja. O segundo lugar foi partilhado por uma “solução oral de rehidratação” (preparação farmacêutica constituída por água açúcar e sais essenciais (sal de cozinha, cloreto de potássio e citrato de sódio) e pelo leite completo (com 3,6% de gordura - na maioria dos supermercados portugueses este leite não é comercializado, sendo o leite gordo, com cerca de 3% de gordura o que mais se aproxima do leite completo ou inteiro). E o melhor hidratante é… o leite magro (0,1% de gordura).
Em resumo, café e bebidas com
pouco álcool apresentam uma capacidade de hidratar ligeiramente inferior à da
água (quanto maior for o teor de álcool menor é o poder hidratante). Os chás,
frios ou quentes, independentemente dos sabores, são quase 100% água, pelo que
apresentam praticamente o mesmo potencial hidratante que ela. Sumos e refrigerantes, devido
ao alto teor de açúcares totais (normalmente ligeiramente acima dos 100 g/L)
são muito bons hidratantes. O leite,
devido à sua riqueza em açúcares (cerca de 50 g/L antes de adicionarmos mais) e
em proteínas (
terça-feira, 10 de agosto de 2021
Taxas de Mortalidade por CoViD-19 (no mundo)
Apresentam-se a seguir, as taxas de mortalidade pela infecção respiratória CoViD-19, por classes etárias, comparando-as com idêntica taxa de mortalidade para a mesma classe etária.
O estudo é muito recente e ainda não está publicado em revista de renome porque aguarda revisão por pares. Coloco-o aqui (nestas condições) por um lado porque se trata de uma revisão sistemática de vários estudos anteriores (portanto, não é algo que a comunidade científica desconhecesse) por outro, porque vem assinado por um dos conselheiros científicos da Organização Mundial de Saúde e professor da Universidade de Stanford, (na Califórnia) John P. A. Ioannidis, que é o epidemiologista mais citado no mundo.
Idade (em anos) |
Taxa de mortalidade (em %) |
Probabilidade idêntica à de morrer por: |
|
0,0027 |
Acidente com objecto cortante |
|
0,014 |
Insolação |
|
0,031 |
Engasgamento ao comer |
|
0,082 |
Afogamento |
|
0,271 |
Atropelamento |
|
0,595 |
Acidente de automóvel (condutor) |
> 70 |
2,439 |
Doença respiratória crónica |
Nota: A mortalidade em lares é cerca de 10 vezes superior à mortalidade dos restantes idosos.
Do estudo resulta a baixíssima taxa de mortalidade por CoViD-19 na população com menos de 70 anos de idade. E mesmo acima dos 70 anos uma taxa de mortalidade baixa (comparativamente a várias outras doenças) para quem não reside em lares. Factos que não constituem surpresa porque estamos a falar de mortes por CoViD-19 e não dos números habitualmente apresentados na comunicação social (pelas autoridades) que se referem a mortes provocadas pelas mais variadas causas, mas que testaram PCR positivo (normalmente designadas de mortes com CoViD-19).
Em Portugal, a taxa de mortalidade global era, a 18 de Abril de 2021 (data em que foi possível obter da DGS o número de mortos por CoViD-19), de 0,0183 %.